terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Apelo de um roceiro (Poesia)


Apelo de um roceiro

Meu Deus no sertão é preciso chover
Se não vai morrer o meu alazão
O chão está seco, todo esturricado
Tá morrendo o gado, sem água e ração.

Fui ver meu roçado, o milho morreu
Despareceu o que plantei por lá
Nem um pé de planta na roça sobrou
A seca chegou no meu Ceará.

Meu Deus eu não peço nem glória ou riqueza
Só quero a certeza de um bom inverno
Só peço ao Senhor que chova no chão
Sem chuva o sertão vai virar um inferno.

Aqui o matuto que vive da roça
Que tem a mão grossa, que vive do eito
Se ajoelha ao chão e começa a rezar
Para não faltar esperança no peito.

Ele é homem forte, tem garra e tem fé
No Siô São José, que o inverno vem
Sem chuva o roceiro fica derrotado
Pois seu roçado é tudo que ele tem.

Eu seu que o Senhor pros homens tem plano
Eu sei, não me engano, mas meu coração
Quando vê o mundo todo de azul
Fica tu-tu-tu, cheio de aflição.

Desculpe, meu Deus, se tou abusando
Lhe incomodando pedindo demais
É porque aqui, ó meu Pai eterno
Sem chuva, sem inverno, nós não temos paz.

Chico Mufumbo

Nenhum comentário:

Postar um comentário