sexta-feira, 29 de março de 2013

Cabral declara seu amor à Cabaceira


O "Amor é fogo que arde sem se ver", disse o poeta português Luís de Camões, há séculos. E Cabral da Cabaceira sem dúvida concorda com ele, embora os dois poetas usem este vocábulo com sentidos diferentes. Enquanto em seu soneto Camões fala de um amor "eros", Cabral, em seu cordel, expressa um amor "ágape", um amor fraternal por sua terra e por sua gente.
"Cabaceira: meu chão, minha vida", cordel escrito em parceria com João Rodrigues, relata a história de um nordestino que deixa sua terra e sua família e parte em busca de um sonho; mesmo sonhando com dias melhores, o seu coração fica apertado com a hora da partida - aquele momento em que o homem fica no "limbo", entre a esperança e o medo; entre a ansiedade de conhecer um mundo novo e o medo de deixar seu mundo atual. Mas ele acaba partindo, pois esse é seu destino. Contudo, ele leva consigo tudo o que cabe em sua alma: a saudade, a esperança e as boas lembranças de tudo que viveu.
Com a autoridade de quem já vivenciou esse momento e conhece essa realidade, os poetas tentam transcrever os sentimentos de um migrante que sonha, que luta, que sofre, mas que, enfim, aceita o destino. O destino de milhares de brasileiros que alçam voos em busca de outros horizontes, mas que sonham em qualquer dia fazer esse trajeto de volta.
Enfim, "Cabaceira: meu chão, minha vida" é o retrato fiel de muitos de nós, nordestinos ou não, que já tivemos a experiência de deixar a terra natal e tentar a sorte em terras desconhecidas.

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