Fábula de Esopo Poesia de João Rodrigues |
Num belo dia de inverno
A formiga trabalhando
Desde que o sol nasceu
Até quando foi se pondo
Enquanto que a cigarra
Passou o dia cantando.
As sementes se molharam
Depois de uma chuvarada
Ela pegava os grãos
E de um por um secava
Depois cuidadosamente
Em sua toca guardava.
O suor da formiguinha
Por todo o corpo escorria
Suas pernas já cansadas
Mas ela não desistia
Pois trabalhar para ela
Era uma grande alegria.
Sabia que o trabalho
De fato era uma dureza
Mas precisava arranjar
Comida para sua mesa
E sabia que a preguiça
É a chave da pobreza.
Mas na maior boa vida
Vivia na árvore a cigarra
E nunca se desgrudava
De sua bela guitarra
Passava o dia cantando,
Dançando e fazendo farra.
Desde que o sol nascia
Começava a cantar
E assim passava o dia
Na sua guitarra a tocar
E naquela farra toda
Nem pensava em trabalhar.
Mas quando chegou o inverno
A comida se acabou
Pois a canora cigarra
Nem uma semente guardou
E em sua barriga a fome
Num certo dia chegou.
Dirigiu-se ao formigueiro
E chamou pela formiga:
– Ô de casa! – Ela gritou.
– Me ajude, minha amiga.
Dê-me um pouco de comida
Para eu encher a barriga.
A formiguinha, ocupada,
Que de trabalhar parou
(Era contra seus princípios!)
Mas mesmo assim caminhou
Até a porta da toca
Pra cigarra perguntou:
– Que houve, Dona Cigarra?
Precisa se alimentar?!
Que fez durante o verão?
Não parou pra trabalhar?
E comida pro inverno
Não se lembrou de guardar?
– Pois é, amiga Formiga...
A cigarra foi falando:
– Sabe que sou uma artista...
Ela foi se explicando:
– Por isso não tive tempo
Passei o verão cantando.
A Formiga respondeu:
– Amiga, vou lhe explicar
Você não se preocupou
Nem um pouco em trabalhar
Passou o verão cantando.
Que tal agora dançar?
Deixou na porta a Cigarra
Com cara de esfomeada
E então se retirou
Estava muito ocupada
E voltou para o trabalho
Alegre, dando risada.
Olhe a moral da história
E veja se não esquece
O homem que não trabalha
Na pobreza ele padece
E o preguiçoso colhe
O que de fato merece.
Fim