Neste último sábado à noite (01/09), a Biblioteca do Riacho teve seu primeiro Sarau. Sob uma Lua prateada, que banhava a noite do Riacho, alguns amigos se reuniram para declamar poesias, ouvir músicas e conversar sobre Literatura (João Rodrigues, Cristiane, Maria de Jesus e Ribamar, Tamires e Raílson, Genival e Paula, Ariston e Ana Júlia, Chico Bezerra e Dona Graça, e Gerardo Manu). E como não poderia ser diferente, a Abertura se deu ao som de Gonzagão, o Velho Lua, que completa 100 anos em dezembro deste ano. Digo completa porque Luiz Gonzaga continua vivo na nossa cultura e na música popular brasileira, em especial na nordestina.
Patativa de Assaré, nosso poeta maior, também foi declamado e discutido. Poesias como "Aos poetas clássicos" (onde critica a poesia branca)
Quero iscrevê meu volume,
Pra não ficá parecido
Com a fulô sem perfume;
A poesia sem rima,
Bastante me disanima
E alegria não me dá;
Não tem sabô a leitura,
Parece uma noite iscura
Sem istrela e sem luá.
"Cante lá que eu canto cá" (quando rebate as críticas sobre a poesia popular)
- Poeta, cantô de rua,
Que na cidade nasceu,
Cante a cidade que é sua,
Que eu canto o sertão que é meu.
- Se aí você teve estudo,
Aqui, Deus me ensinou tudo,
Sem de livro precisá
Por favô, não mêxa aqui,
Que eu também não mexo aí,
Cante lá, que eu canto cá.
- (...)
Mas porém, eu não invejo
O grande tesôro seu,
Os livro do seu colejo,
Onde você aprendeu.
Pra gente aqui sê poeta
E fazê rima compreta,
Não precisa professô;
Basta vê no mês de maio,
Um poema em cada gaio
E um verso em cada fulô.
O grande tesôro seu,
Os livro do seu colejo,
Onde você aprendeu.
Pra gente aqui sê poeta
E fazê rima compreta,
Não precisa professô;
Basta vê no mês de maio,
Um poema em cada gaio
E um verso em cada fulô.
entre outras de seu imenso repertório. Enfim, Patativa não tem como ficar de fora quando se trata de poesia.
Na música, além de Gonzagão, também foi ouvido Belchior, o cearense de Sobral que ganhou prêmio nas terras do Sul."Fotografia 3 x 4" e "Apenas um rapaz latino-americano" fizeram recordar as velhas lembranças de um retirante nordestino, que vive suas glórias e suas dores distante da terra natal.
Na ocasião, Genival Cardoso declamou seu cordel "Perímetro irrigado Araras-Norte", que narra a história do Perímetro irrigado do seu início aos dias de hoje.
Foi uma noite que merece ser repetida... e repetida... e repetida...
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