domingo, 28 de agosto de 2011

Defesa di um camponeis


 
Seu dotô nasci na roça
Lá vivi e me criei
Na mi’a humilde paioça
Derde criança morei
Lá passei todo os meu dia
E lá criei mi’a famia
Cum suó da mi’a labuta
E li garanto, Dotô
Ninguém nunca me ajudô
Sobrevivi de mi’a luta.

Todo dia de madrugada
Tivesse chuveno ô não
Na mi’a luta pesada
Eu tava de prontidão
E lá no finá do dia
Vortava cum aligria
Pra Chiquinha, mi’a muié
E Cum a famia eu jantava
Dispois na sala eu sentava
Para tomá um café.

Inté vivia satisfeito
Cum a vida qui eu levava
Para o trabaio eu ti’a peito
Cum nada eu mim preocupava
Ti’a meu mi e meu feijão
Comida fartava não
Purisso eu era filiz
Vivê cum mi’a famia
Era mi’a grande aligria
E foi o qui sempre quis.

Mermo sem tê istudado
Mandei meus fi istudá
Mermo morto de cansado
Num parei de trabaiá
Trabaiava noite e dia
Inté já dei agunia
Cum isforço da labuta
Pois sô um homi da terra
Cuma um sordado na guerra
Nunca disisti da luta.

Os meu fi fôro crecendo
E a vida foi miorano
Parece inté que tô vendo
Os meu minino chegano
Todo filiz da iscola
Dispois ia jogá bola
Sua única diversão
Tomava banho i jantava
Dispois na sala sentava
Pra assitir televisão.

Inté qui num certo dia
Já istava iscuriceno
Maria, mi’a sigunda fia,
Tava na cunzia fazeno
Um café pra nóis tumá
Quando uvi ela gritá
“Papai! Papai! Mãe! Socorro!
Assim qui cheguei na porta
Vi mi’a minina morta
Seu Dotô quase qui morro.

Miti a mão na pexêra
E avancei pru ladrão
Ele num me deu bobêra
E já di arma na mão
Feiz jeito de dispará
Mais ante dele apertá
A faca nele infiei
Só vi o cabra gritano
E no chão foi se deitano
Cuma fiz isso num sei.

Logo chegô os vizin
A poliça arguém chamô
Viero in cima de mim
Me trussero pru Dotô
Feito um bicho indiabrado
Cheguei aqui argemado
Me batero feito um cão
Só pruquê eu mim vinguei
E cum justiça matei
Um criminoso, um ladrão.

Tô nessa Delegacia
Isperano jugamento
Já faiz num sei quantos dia
Já tô qui num agüento
Já num mim sinto mais homi
A famia passano fomi
Intão pregunto a você
Fale cum sinceridade
Num são as auturidade
Qui tem qui mim defendê?

Por todo santo do céu
Eu digo para o Dotô
Esse era o seu papel
E eu fiz pelo Siô
Pois eu sô um cidadão
Quem tem qui pegá ladrão
É o Siô, Delegado!
Pois ao Siô vô dizê
Quem tem qui me defendê
É a Lei, é o Estado.

Agora vô sê jugado
Se foi a mi’a aligria
Posso inté sê condenado
Por defendê mi’a famia
I aí tá o Siô
Cum essa pinta de Dotô
Cum ar de dispreocupado
E os bandido assartano
Robano gente, humilhano
I o Siô aí parado.

Mais quando eu mim sortá
E vortá pra mi’a famia
Vô tentar recuperá
Mi’a paiz, mi’a aligria
Mais se vié um ladrão
Nem qui eu sofra ingual o cão
Eu faço tudo di novo
Num posso vivê calado
Em casa trancafiado
Ingual um pinto no ovo.

Fim


sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Formação de Multiplicadores - PAIC+

O PAIC (Programa de Alfabetização na Idade Certa), que antes compreendia apenas o 2º Ano, agora estendeu-se aos demais Anos do Fundamental I, 3º, 4º e 5º Anos - e que passou a se chamar de PAIC+. E a primeira Formação aconteceu agora, no período entre 22 e 25 de Agosto. A Abertura do Evento aconteceu no Hotel Oásis, na Beira-Mar, em Fortaleza; e a Formação propriamente dita ocorreu no Hotel Porto d'Aldeia, Aquiraz.
De Reriutaba, fizeram-se presente os coordenadores de 5º Ano, João Rodrigues e Carla Simone, coordenadores de Língua Portuguesa e de Matemática, respectivamente.
Além de muito proveitoso e recheado de conteúdos, o Evento serviu para estreitar laços de amizades entre os vários profissionais da Educação do Estado do Ceará.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Dilema de um camponês


Eu vivo no campo, e nele trabalho
É meu quebra-galho, e meu ganha-pão
Aqui eu me encontro, me sinto pessoa
Nunca vivo à toa, amo meu torrão.

De dia eu trabalho, de noite descanso
O meu jeito manso é meu jeito de ser
Sou homem de paz, nunca quis a guerra
Pois todos na terra precisam viver.

Por isso é que vivo no interior
Num invejo Doutor nem homem da Lei
Sempre quis sossego, e viver sossegado
É do meu agrado, pois sempre sonhei.

No meu jumentinho eu ia pra feira
Mi’a vida faceira nunca quis mudar
Mas veio a idade, vendi meu jumento
Pois já num agüento de pé mais andar.

Pra comprar u’a moto, fiz economia
Como garantia empenhei meu feijão
Um tubo de milho, um bode e um anel
Meu belo chapéu e o meu alazão.

Todo satisfeito e motorizado
Ia pra todo lado, pra onde eu queria
Economizei carne, só comprava osso
E com muito esforço paguei o que devia.

Nos dias de domingo pegava a Aninha
E de manhazinha íamos passear
Ela na garupa, bonita e cheirosa
E eu cheio de prosa, a lhe namorar.

A felicidade logo se acabou
Pois logo chegou um policial
Pediu documento, habilitação
“Doutor, tenho, não. Num me leve a mal.”

Prendeu minha moto e a pé eu voltei
Só eu mesmo sei a humilhação
Voltei com Aninha a pé pela estrada
Tristonha, cansada, que decepção!

Foi mais um sufoco, pra poder pagar
Pra mode eu tirar da Delegacia
Pedi emprestado dinheiro no banco
Aos tranco e barranco paguei o que devia.

Domingo de novo peguei a Aninha
E de manhãzinha fomos passear
De novo ela ia cheirosa e faceira
 De brinco e pulseira, relógio e colar.

Mas logo pulou um cabra na estrada
Fez lá uma zoada, Aninha quis correr
O cabra gritou de arma na mão
Se deite no chão se não quer morrer!

Xingou, me bateu, chamou de safado
Um pobre coitado que mal pode andar
Que nunca fez mal a ninguém neste mundo
 E vem um vagabundo para me humilhar.

Levou minha moto, levou meu trocado
Fiquei arrasado com a situação
Aninha, coitada, tremia e chorava
Enquanto me olhava deitado no chão.

Ficou sem relógio, sem brinco e colar
Sem poder falar com a tremedeira
Coitada, amarela, ali despojada
Pois ficou sem nada, nem mesmo a pulseira.

Seu moço, lhe digo, fiquei revoltado
Quando ao Delegado fui denunciar
Mal olhou pra mim, nem deu atenção
Como se o ladrão era quem tava lá.

Se saio no asfalto sei que sou multado
Vou ser assaltado se vou pela estrada
Portanto, seu moço, eu vou pra cidade
De bom na verdade num espero mais nada.



Agora, seu moço, não sei o que fazer
Vou ter que vender minha velha palhoça.
Como deixar tudo e ir pra cidade
Se a felicidade está aqui na roça?

Fim
João Rodrigues Ferreira












quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Adiada data para inauguração da Cordelteca

Tudo muda. E a data da inauguração de nossa Cordelteca também mudou. Agora a nova data de inauguração será no dia 2 de outubro. Por quê? Ah, é porque o Presidente da ABLC, Gonçalo Ferreira da Silva, que virá do Rio de Janeiro pro Ceará pra inaugurar várias Cordeltecas, inclusive a nossa, foi convidado para visitar a Cordelteca norte-americana no dia 25 de setembro.
Pois é, o Cordel se globalizou.
Mas continua sendo nosso!